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Parece que não...
Ora então, atualmente tenho tido paciência zero para ver televisão em geral e notícias em particular. O panorama nacional é assustador e o mundial, esse então, é aterrador. Adiante... antes de ontem por causa das cheias em Lisboa, quis ver o Jornal da Noite, que nos meus tempos de miúda era tão e simplesmente "Telejornal". Qual a minha surpresa ao perceber que na SIC não havia a tradução em Língua Gestual Portuguesa (sim, aquela pessoa que fica ali num canto do ecrã a fazer gestos, mas que é fundamental para milhares de pessoas). Pensei que fosse ocasional... Passei por outros canais e a minha surpresa só aumentou. Afinal mais canais já não tinham intérprete de LGP. pergunto, porquê? Cada vez mais se fala em inclusão, mas afinal é só "para inglês ver", quando toca à realidade a coisa é bem diferente.
Do que vi, Sic, Sic Notícias e CNN Portugal não têm tradução LGP. Mas tinham
Senhores, botem sentido na RTP, TVI e CMTV. A surdez não é opção, é uma condição. Mais respeito por favor.
É só triste constatar algo assim nos nossos dias. Não tarda estão a fechar os surdos em celas e a esconde-los da humanidade, não? Shame on you...
Quem disse que a música não é para os surdos? Os surdos não ouvem, é um facto, mas sentem e sentem com cada parte do seu ser como só eles. Por isso mesmo a música não lhes é indiferente nem tão pouco lhes passa ao lado.
Fui no passado dia 22 de Novembro assistir a um concerto absolutamente incrível. A começar pelo local, os coros e a magia que ali aconteceu. O concerto decorreu no Panteão Nacional, cantaram a viva voz o Coro da Universidade Católica Portuguesa e o Coro Médico de Lisboa e cantaram com as mãos o Projecto "Mãos que Cantam". E que bem cantaram todos sem excepção, mas a minha profunda admiração vai mesmo para os últimos. São todos surdos, dois deles são meus professores de Língua Gestual Portuguesa e têm neste projecto um trabalho incrível. Espreitem aqui um bocadinho do concerto, vale muito a pena.
Este Projecto "Mãos que Cantam" é um coro composto por pessoas surdas, que utilizam a Língua Gestual Portuguesa e a Música como forma de expressão artística. Podem saber mais um bocadinho sobre eles no facebook e na página do projecto.
Bravo, bravo, bravo!!! E não é por qualquer comemoração ou aniversário. É sim pelo excelente e fora de comum que foi hoje o programa "E se fosse consigo?". Se já é um programa que sigo assiduamente, hoje fiquei vidrada do princípio ao fim.
Quem acompanha estas minha andanças aqui pelo sapoblogs, sabe que tenho uma filha surda e que estamos ambas a aprender Língua Gestual Portuguesa. A surdez faz parte das nossas vidas há quinze anos, com todas as dificuldades e conquistas que isso acarreta. Logo este programa tocou-me em particular por abordar um tema que me é sensível.
Uma das coisas que reparei desde o início e durante todo o programa, foi que foram muito poucas as pessoas que deixaram mostrar a cara, assim como as que se mostraram minimamente disponíveis para ajudar ou sequer tentar ajudar a pessoa surda. Vergonha talvez? Se não foi, devia.
Neste programa percebem-se uma série de erros crassos que se cometem vulgarmente quando se fala de surdos ou da comunidade surda:
Surdos-mudos não existem. Os surdos têm cordas vocais e emitem sons, riem, gritam, etc. Os que não falam é porque não aprenderam a oralizar por não ouvirem e são muito poucos. Por sua vez os mudos não são surdos, só não falam.
Linguagem gestual não existe. No nosso País é uma língua (Língua Gestual Portuguesa) e foi reconhecida como tal pela Constituição da República, em 1997 (Diário da República – I Série A – n.º 218 – 20/09/1997 – Lei Constitucional)
Cada País tem a sua língua gestual, tal como a língua falada, até a brasileira é diferente da portuguesa.
A comunidade ouvinte considera a surdez uma infelicidade. Não é de todo, é apenas uma condicionante na vida dos surdos, tal como que usa óculos, ou uma prótese, ou coisa que o valha.
Também constatei alguns factos que me surpreenderam negativamente, como por exemplo o Instituto Nacional de Reabilitação não ter informações ou dados concretos sobre a comunidade surda, como por exemplo quantos são, onde estão, faixas etárias, se trabalham, etc. E é assim que se deliberam leis e medidas entre outros assuntos sobre os surdos.
Neste programa deram a conhecer também reais dificuldades que a comunidade surda enfrenta rotineiramente. Uma ida ao hospital, finanças, segurança social, ou qualquer outro serviço público. Como é difícil até o acesso ao ensino. Devia ser obrigatória a formação de profissionais dos serviços em LGP, mesmo que básica, seria o suficiente para comunicar. Já no que respeita à saúde deveria ser um direito ter um intérprete tal como é ter assistentes sociais e coisas que tais. Porque não LGP como língua nas nossas escolas? É tão válida como inglês, francês, espanhol ou outra.
Os surdos têm de se adaptar à sociedade. Porque não o inverso? Isso acontece com alguns tipos de incapacidade ou deficiências. Colocam-se rampas para incapacidade motora, avisos sonoros para cegos, por exemplo. Infelizmente falta inclusão na sociedade em geral, mas os surdos então são vistos quase como aliens. Os surdos não mordem nem são esquisitos, só fazem muitas caretas e expressões porque isso está associado aos gestos.
Já a educação dos surdos é quase um comédia negra. São obrigados a saber ler nos lábios, embora muitos até o aprendam instintivamente (como aconteceu com a minha filha), são alunos com necessidades especiais educativas, mas os profissionais nesta área são parcos e o número de aulas semanais, quando as há, é mais parca ainda. A educação dos surdos devia ser tão importante como a dos ouvintes. É na e da educação e assenta e depende o futuro de todos os indivíduos. Dela depende o seu percurso e capacidade profissional. Os direitos, tal como os deveres deveriam ser para todos, mas essa é uma realidade longínqua para os surdos.
Pela primeira vez em televisão, no nosso País, houve um debate protagonizado na íntegra por pessoas surdas. Acredito que com este programa as pessoas surdas deste País se tenham sentido ouvidas.
E para a Sic, não vai nada, nada, nada? Tudo!!! Parabéns pelo "E se fosse consigo?" de hoje pelo tema que abordou.
O programa inteiro pode ser visto aqui.
Embora quase todos se esqueçam das diferenças, e quando digo diferenças refiro-me a quem tem algum tipo de incapacidade. Este ano já vi duas marcas (sobejamente conhecidas) apostarem em anúncios diferentes. E fiquei tão feliz, emocionada mesmo. Os anúncios em causa tocam um tema que me particularmente sensível, não fosse a surdez a dura realidade da minha filha.
Este primeiro é d' O Boticário e foi na página de facebook d' A Mãe Imperfeita que o vi a primeira vez.
Este segundo é da Huawei e foi no instagram que tive conhecimento dele. Pesquisei mais um pouco e vi o anúncio completo. Maravilhoso.
Para saber mais sobre a história deste anúncio é só espreitar aqui: Huawei & StorySign.
Já depois deste post recebi um e-mail da Associação Portuguesa de Surdos com este link que partilho aqui, de um artigo do Público.pt onde se explica "O que todos devíamos saber sobre língua gestual (em dez pontos)".
Nesse mesmo e-mail davam-me os Parabéns por estar a aprender esta língua maravilhosa. Não pude deixar de me orgulhar de mim mesma por estar nesta empreitada de aprender LGP.
Assinala-se hoje, 15 de Novembro o dia nacional da Língua Gestual Portuguesa. Diz-se língua gestual (de determinado país) e NUNCA linguagem gestual, tal como se diz língua portuguesa e nunca linguagem portuguesa. (E o que me irrita ouvir dizer linguagem em vez de língua gestual portuguesa? Fico desorientada para não dizer furibunda)
Porquê esta data? A Comissão para o reconhecimento e protecção da Língua Gestual Portuguesa e defesa dos direitos das pessoas surdas foi criada em 15 de Novembro de 1995 com o propósito de ver reconhecida a Língua Gestual Portuguesa na Constituição da República Portuguesa, algo que sucedeu em 1997, aquando da sua 4ª revisão.
Em Portugal, a Língua Gestual Portuguesa (LGP), nasceu na primeira escola de surdos, em 1823, na Casa Pia de Lisboa, tendo tido como primeiro educador um sueco que de lá trouxe o alfabeto manual. Apesar de não se notarem semelhanças ao nível do vocabulário, o alfabeto da LGP e o da língua gestual sueca (Svenskt teckenspråk) continuam a revelar a sua origem comum.
A língua gestual é a forma de comunicação utilizada pelas pessoas surdas e por todos aqueles que comunicam com pessoas surdas. É produzida a partir dos movimentos das mãos, do corpo e por expressões faciais, sendo a sua recepção visual.
Sempre me fascinou o mundo LGP. Eu que estou a frequentar o Nível I do curso de LGP da Associação Portuguesa de Surdos e que tenho uma filha deficiente auditiva, não posso (nem quero) deixar de lembrar este dia. Não vejo a hora de conseguir falar e entender mais quando vejo alguém falar em LGP. Lá chegarei :)
Infelizmente este dia passou praticamente despercebido nos meios de comunicação e redes sociais. É pena... Mas lá está não é um qualquer dia a apelar ao consumismo desenfreado ou que esteja na moda. É "apenas" o assinalar de um meio de comunicação, que ainda se julga restrito da comunidade surda. Erro crasso. Qualquer um de nós de hoje a amanhã pode sofrer de surdez ou deficiência auditiva. Qualquer um de nós pode precisar de lidar com pessoas surdas, seja em que contexto for. Para além de que a comunidade surda tem um número imenso de pessoas, só quem contacta mais de perto tem mais noção disso.
Depois da formação de Língua Gestual Portuguesa que fiz há dois anos, com a Bárbara, e que adorei, hoje foi dia de voltar a dar continuidade ao que aprendi. Era uma coisa que queria muito já ter feito, mas não tinha ainda surgido a oportunidade certa. Hoje foi dia de começar o curso de LGP na Associação Portuguesa de Surdos. Gostei tanto! Estava um bocado com os nervos à flor da pele, desta vez era um curso "à séria" ao invés de apenas uma formação. Tinha receio de que fosse completamente diferente da formação, que não me adaptasse à formadora, sei lá, tolices. Afinal superou em tudo as minhas expectativas. E a formadora é incrível, captou a atenção da turma aos primeiros instantes, sem oralizar uma única palavra. É tão castiça, tão engraçada. E o que nos fartámos de aprender em apenas três horas? Impressionante. Não vejo a hora de chegar ao próximo Sábado para a próxima aula.
Pareço uma maluquinha, até parece que tenho muito tempo livre para além dos fins-de-semana, mas a minha vontade de aprender é imensa, quase uma necessidade. Já diz o ditado que "o saber não ocupa lugar".
Os meus filhos chegaram ontem, depois de duas semanas de férias com o pai. Até aqui tudo bem, não fosse a minha filha vir muito queixosa com dores no ouvido direito, ao ponto de quase não suportar a prótese auditiva. O mais grave é que me disse que está assim desde quinta-feira, portanto há cinco dias. No entretanto queixou-se ao pai que lhe disse que provavelmente não seria nada que passava. Obviamente que a minha primeira reacção também seria esperar para ver, mas não durante tantos dias. Mas que raio lhe passa pela cabeça?! Ele sabe tão bem como eu que com dores de ouvidos qualquer um sofre horrores, mas a Bárbara ainda por cima para ouvir tem de colocar a prótese que fica dentro do ouvido. Que displicente, como é que pode, caramba! A Bárbara é uma menina especial e ele não pode esquecer-se disso. A somar ainda houve um escaldão na cara no Manuel e uma alergia no peito provocada pela água da piscina. Não foi capaz de me dizer nada, foi preciso serem os miúdos a contarem-me. Não havia necessidade. Sou a primeira a promover o relacionamento dos meus filhos com o pai, mas é por estas e por outras é que gosto tanto de ter os meus filhos debaixo da minha asa. Galinha sou, assumidíssima.
Andou a miúda estes dias a forçar de tal maneira que ontem à noite o molde (a peça de silicone que fica dentro do ouvido) não cabia lá, porque estava já com edema considerável. Hoje logo de manhã liguei para a Saúde 24, que prontamente nos encaminhou para a urgência. Resultado, uma otite externa e não pode colocar a prótese durante cinco dias. Vai ter de se valer apenas do implante coclear por muito que lhe custe, pois o ganho auditivo fica muito aquém da prótese.
Passo a explicar, estava previsto este ano e no seguimento da formação do ano passado, um curso de Língua Gestual Portuguesa com certificação pela APS. Infelizmente o número de inscritos inviabiliza que o curso se concretize. Fico mesmo triste com isto. Bem sei que o meu interesse é com certeza superior ao de outras pessoas devido à surdez da Bárbara, que é sem dúvida motivação só por si. Estava tão entusiasmada com este curso, que para além de ser mais em conta do que na APS, é bem mais perto de casa, logisticamente é muito melhor, só vantagens. Mas não vai acontecer por falta de inscritos. Quem sabe no próximo ano 😔.
A fraca divulgação se calhar também influenciou, eu bem partilhei no facebook, tal como algumas pessoas, mas não foi o suficiente.
Assinala-se hoje o Dia Internacional do Implante Coclear. Muitos perguntarão - que raio é lá isso? Já aqui falei disso algumas vezes, não fosse a minha filha surda sereva-profunda e feliz implantada em 2013, altura desde a qual a sua qualidade de vida melhorou substancialmente. Não se julgue que tudo são facilidades, pelo contrário. É um caminho difícil que começa muito antes da cirurgia e depois todos os dias se aprende qualquer coisa nova, todos os dias há uma descoberta, mas vale muito, mas muito a pena.
Só quem passa por uma situação de surdez, no meu caso da minha filha, sabe dar o valor ao que este dia representa. A imensa importância de ter ouvidos mágicos, como muito bem diz a querida Alice Inácio! É a expressão que melhor define o implante coclear, adoro.
Nem as pessoas que me são próximas e conhecem a Bárbara imaginam a importância e o impacto, que o implante coclear tem na vida dela quantos mais no geral das pessoas surdas/implantadas.
Mais informações aqui e aqui - Associação Portuguesa de Apoio ao Implante Coclear.
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