Nada acontece por acaso

Era suposto estar em Fátima hoje. Teria terminado ontem a peregrinação e hoje assistiria às cerimómias no Santuário. Quis o destino que assim não fosse. Estou de coração e com a mesma fé de que se lá estivesse. A fé não se explica sente-se. A peregrinação, essa, este ano está adiada para Outubro. 

Há uma ano estava um mar de gente e um dia de verão, sol e calor, um consolo para a alma a juntar ao consolo da fé. Hoje está um dia feio e chuvoso, deve ser Nossa Senhora a lamentar não ter por lá os peregrinos. 

Há um ano, na procissão das velas, Fátima estava assim:

Ontem a contrastar estava assim:

Mesmo assim não deixei de me comover com as imagens, com a procissão e com as palavras do Cardeal.

Não fosse o Covid-19 e a pandemia, hoje teria sido dia de pôr pés ao caminho pela terceira vez. Teria iniciado hoje a minha terceira peregrinação até Fátima. Tomei-lhe o gosto e estava ansiosa por mais esta peregrinação. Para já está adiada para Outubro, oxalá seja possível por essa altura. Que as nossas vidas já tenham retomado a normalidade possível num cenário pós pandemia. 

Até lá e por estes dias há a sugestão do Santuário há a possibilidade de ser Peregrino pelo Coração. Gostei da sugestão.

Fui em peregrinação a Fátima pela segunda vez e que diferente foi da primeira. Dizem os peregrinos que por lá andam há muitos anos que cada peregrinação é diferente de qualquer outra. Pude confirmar o quanto isso é verdade. No ano passado o medo do desconhecido, de não conseguir cumprir o objectivo, de não estar à altura, o facto de estar ainda à procura de me reencontrar com a minha fé, moldaram a peregrinação. Este ano ia muito mais liberta de pensamentos, deixei-me ir e entreguei-me por completo. Senti uma leveza que me impressionou. Fiz quase todo o percurso a sentir que tinha asas nos pés, sem qualquer esforço físico mesmo nos percursos mais difíceis. Nem sei explicar o que aconteceu. A leveza física contrastou com a carga pesada que me acompanhou com tantas coisas complicadas a acontecer na minha vida e à minha volta. Rezei muito, pensei muito, partilhei muito e partilharam também muito comigo. A cada etapa percebi coisas que não tinha percebido na peregrinação anterior, dei valor a pormenores, agradeci cada paisagem naqueles caminhos rurais. O nosso país tem sempre capacidade de me surpreender. Apanhei chuva e mais chuva e depois calor e mais calor. Rezei muito, mas também reflecti muito. Pedi muito, mas também agradeci. E como é bom agradecer. Fiz a cada dia, mentalmente, um diário da gratidão. Surpreendi o Padre Hermínio quando lhe disse que mantenho esse diário no blog. Usei muito pouco o telemóvel e nada mesmo as redes sociais. Que viagem incrível. Mais uma vez à entrada do Santuário fui vencida pelas emoções e foi impossível conter as lágrimas. Sentimento de objectivo cumprido e cada vez mais confiante que de quero seguir mais e mais este caminho da fé cristã.

(à chegada)

(a procissão das velas)

Começo amanhã a minha segunda peregrinação a Fátima. Este ano está a ser particularmente ruinzinho e os últimos dias voltaram a trazer notícias más. Se por um lado já tenho muito o que agradecer também tenho o que pedir. 

Sinto-me bastante menos preparada que no ano passado e estou também mais mais ansiosa. Por estes dias vou estar ausente, quando voltar conto como foi. Até Fátima.

Depois de uma noite muito agradável em que a comemoração foi rainha, aproveitei bem o dia. Descansei, dormitei, instagramei, vi um filme e coloquei a escrita em dia aqui no blog. 

Hoje primeiro dia do ano fiz questão de ir à missa. Há tantos anos que não sentia este chamamento ou apelo. Senti que tinha de o fazer e assim fiz. Pesquisei a que horas seria e ao final da tarde lá estava eu. Fiquei surpreendida por ver tanta gente a ir à missa no dia de Ano Novo, mas a surpresa maior aconteceu quando vi o Padre entrar e perceber que era o Padre Miguel, que acompanhou o grupo da minha peregrinação e que é filho de uma das peregrinas. Também marca presença em algumas reuniões do grupo que acontecem aos dias treze de cada mês. Se já procurava algum "conforto" quando fui à missa, não podia me podia ter sentido melhor. Que bom foi ouvir as suas palavras tão assertivas e até certeiras. No final da homilía o Padre esteve cá fora a cumprimentar os fiéis e tive oportunidade de trocar com ele algumas palavras e perceber que me tinha reconhecido também. Ele há coincidências muito engraçadas. Cada vez mais acredito que nada acontece por acaso.

Para começar o ano foi um dia muito bom.

Já aqui tinha partilhado que vou fazer uma peregrinação. Parto amanhã e regresso dia 13. A chegada a Fátima é a 12, mas ainda por lá fico mais uma noite. Porquê este ano? Porquê uma peregrinação? Talvez mesmo porque "Nada acontece por acaso". 

Comprei esta t-shirt (entre outras) para levar, num conjunto de roupas mais confortáveis que comprei para levar. Afinal vão ser aproximadamente vinte e cinco quilómetros por dias, conforto é prioritário. Quando a vi lembrei-me imediatamente do blog e do lema que tenho de vida. Acredito nisto plenamente.

Os preparativos para a peregrinação, ao contrário do que alguma vez me passou pela cabeça, não são pêra doce. E se lhe somar os nervos, pior um pouco. A semana de trabalho foi agreste, deixar tudo orientado para estar uma semana fora. Em casa  foi preciso gerir bem a logística que implica a mãe uma semana fora. Os últimos detalhes ocuparam-me quase todo o fim-de-semana, para além do que já tinha organizado durante a semana. Hoje já fui deixar o saco que vou levar, à carrinha de apoio e amanhã partimos bem cedinho. 

Comecei, na segunda-feira, a minha contagem decrescente para a peregrinação que me propus a fazer este ano. Foi o dia da última reunião com o grupo, antes da partida, no próximo dia sete. Não me tenho preocupado muito com as eventuais dificuldades, que bem sei que existirão, afinal são aproximadamente 150km a caminhar. Preocupam-se mais as pessoas à minha volta, com questões que nem me passam pela cabeça. No grupo com que vou, todos me tranquilizam e dizem, vai correr tudo bem, somos muitos, olhamos uns pelos outros e Nossa Senhora olha por nós. Vai correr bem, será uma "empreitada" e tanto, mas vai correr bem.

Diz a wikipédia que "Uma peregrinação (do latim per agros, isto é, pelos campos) é uma jornada realizada por um devoto de uma dada religião a um lugar considerado sagrado por essa mesma religião.

Para peregrinar há que ter em conta que não se trata apenas do acto de caminhar (no caso da peregrinação a pé), ou executar um trajecto com um determinado número de quilómetros; é reconhecido que peregrinar carece caminhar-se motivado "por" ou "para algo".

A peregrinação tem, assim, um sentido e um valor acrescentado que é necessário descobrir a cada pessoa que a executa."

Falta uma semana e cinco dias, começo a sentir algum nervoso miudinho. Estará frio, estará calor, e se me esqueço de alguma coisa? Não importa grandemente, essa é a verdade. O que importa é ir chegar. 

Depois de ter falhado o desafio da semana 14, que foi uma semana do demo, nem uma fotografia tirei (fosse boa ou má), cá estou de volta com o desafio da semana. 

Ando desde Fevereiro a preprarar uma peregrinação a Fátima. Na passada sexta-feira tive finalmente a confirmação da inscrição e não podia estar mais contente. Cada um acredita no que quer, eu tenho os meus momentos de fé, e este ano senti uma necessidade imensa de cumprir o que já inúmeras vezes pensei fazer sem nunca concretizar. Este ano o coração e a fé falaram mais alto, e deste ano não podia passar. A minha vida não tem sido fácil, mas este ano mais do que nunca sinto que tenho de fazer esta peregrinação. Tenho o que pedir, mas tenho também o que agradecer. De hoje a um mês já terei terminado este caminho, feiro passo a passo, com pernas e músculos, mas acima de tudo de coração aberto. 

Há já algum tempo que não ia à missa. Fui hoje ao final do dia. Rezou-se o terço e o padre deu a missa. E a quantidade de telefones que tocaram? A sério!? Mais de uma dezena. Não queria acreditar. É sempre mau, ainda pior quando se prepara uma peregrinação. Que tremenda falta de respeito. Eu se fosse o padre tinha corrido com aquela gente toda dali para fora.