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Vi ainda ontem, antes de me deitar, a notícia da morte de Sara Carreira, filha de Tony Carreira, num acidente de viação. A minha primeira reacção foi de choque, seguida de horror ao ver as imagens do que restou do carro onde ela e o namorado seguiam. Vinte e um anos... a minha filha tem só menos um. Conheço da família Carreira o que toda a gente sabe. Não sou seguidora sequer de nenhum deles, mas admiro o percurso de todos e cá em casa há uma fã do David Carreira e seguidora dos irmãos também.
O que não me sai da cabeça é mesmo a morte daquela jovem, que podia ser minha filha. Vi as notícias durante bastante tempo ainda, dormi mal com o pensamento daquela morte a assolar-me constantemente e a primeira coisa que fiz hoje, ainda que inconscientemente, foi ligar a televisão e continuar a ver as notícias sobre o tema. Comovo-me com as imagens, comovo-me de pensar no sofrimento indescritível pelo qual aquela família está a passar. Não consigo sequer imaginar. Vieram-me à cabeça todas as memórias de tudo o que já passei com a minha filha, todos os momentos tão difíceis que ainda assim estão a anos luz deste sofrimento, na certa. Penso nos meus filhos, com uma vida inteira ainda pela frente, tal como a Sara. Menina que os pais nunca mais irão ver, dor que tempo nenhum do mundo conseguirá curar e irão sempre sentir.
A vida é mesmo um sopro e num instante tudo muda, o tempo pára. Como será possível continuar a viver depois de tamanha tragédia? Os meus pensamentos e orações estão com aquela família, que não conheço, mas que nesta hora parece que sim.
Meus ricos filhos, Deus os proteja e guarde de algo assim. Deus a quem nesta hora eu pergunto, porquê? E a quem peço ao mesmo tempo que me livre e guarde de tal sofrimento.
Foi com perplexidade que ouvi hoje ao fim da tarde a notícia da morte do vocalista dos Linkin Park, Chester Bennington. Caramba, é mais novo do que eu, tem uma carreira de sucesso, família, deixa seis filhos, acabou de lançar um novo álbum e com uma tour na estrada. Bem sei que o álcool e as drogas estiveram muito presentes na sua vida, mas ainda assim tinha quase uma vida pela frente. Entretanto as notícias foram evoluindo e já se fala em suicídio. Mais perplexa fiquei e triste, muito triste. Mais um dos meus preferidos que se vai. What have you done Chester?
Esta é talvez a minha preferida
Para além de outras, quase todas, vá.
Faz hoje uma semana, vamos daqui a pouco à missa de sétimo dia. Acho que é das coisas mais difíceis para uma mãe é ter de anunciar a morte de um ente querido aos seus filhos, ainda por cima o avô paterno, o único que conheceram. É dilacerante vê-los sofrer numa tristeza imensa e nada poder fazer. Ficar só ali, abraça-los, conforta-los foi o que me coube fazer, escondendo ou disfarçando, vá que também a mim me custou esta morte. Mesmo já não estando junta com o pai dos meus filhos, senti muito a morte deste avô, a quem eu também aprendi a chamar avô, quase como se meu pai fosse. Aliás durante muitos anos a ele me dirigi como Pai Rosa, mas já depois de me separar do pai dos meus filhos passei a chamar-lhe avô. A separação não foi fácil e passou a fazer sentido assim.
Nos últimos anos a sua saúde era frágil, os quase 85 anos de idade, o Parkinson de que sofria desde que o conheço, para isso contribuíam, mas ainda assim lá ia andando, fazendo a sua vidinha o mais normal possível, ainda saindo quase todos os dias para o jornal e dar dois dedos de conversa com o grupo de amigos de longa data, que tem vindo a diminuir e que agora teve mais uma baixa.
O avô estava internado já há quinze dias, depois de ter passado dois dias bastante enfraquecido em casa, quase sem se conseguir mexer, falta de força, cansaço extremo e quase sempre a dormitar. Situação que culminou com uma paragem cardíaca em casa, foi reanimado pelos técnicos do Inem ainda em casa e depois uma e outra vez já no hospital. A acrescer um AVC, alguns órgãos a entrar em falência, dificuldades respiratórias, enfim um quadro pouco animador. Para ele a morte foi o melhor com tanto sofrimento, tadito. Ainda assim deixou passar o dia do pai, dia que fiz questão de levar a Bárbara a visitar o avô e faleceu na madrugada do dia seguinte. É tramada a vida, faz-nos passar por provações tremendas para o fim ser o mesmo. É o que tem de ser, diz o ditado que Deus escreve direito por linhas tortas.
Desde há algum tempo que eu fazia questão de explicar aos meus filhos esta fragilidade do avô, que ele estava doente, que a idade já era alguma e que não ia cá estar sempre. Não poucas vezes lhes disse para aproveitarem bem o tempo que passavam com os avós, para não irem para lá só com a loucura da televisão e pouco mais. De alguma coisa valeu porque foram mudando de atitude. Conversavam mais com os avós, jogavam dominó e loto com a avó na hora da sesta do avô e televisão era para ver a série Hawai Força Especial com o avô. O que o senhor adorava aquele bocadinho numa cumplicidade avô e neto. Pequenos nadas que faziam aqueles avós tão felizes. Quando ele foi internado e perante o quadro que se afigurava fui preparando, ou pelo pelos tentava, os meninos para o pior, acho que isso ajudou um bocadinho na hora de lhes dizer que o avô tinha morrido. Fizeram questão de comigo ir velar o avô assim como de acompanharem bem de perto as cerimónias fúnebres. Estão mesmo uns crescidos estes filhos, a maturidade com que passaram isto, deixou-me impressionada, tal como a mensagem que escreveram a acompanhar as flores que levámos ao avô.
"Avôzinho,
Voa até às estrelas e descansa em paz. Nós adoramos-te e ficarás para sempre no nosso coração, foste um super avô, eras um exemplo para nós, estavas quase sempre feliz.
Com saudades imensas dos teus netos"
(foto do site espalha factos)
No rescaldo da notícia da morte do Nicolau Breyner, vi no Jornal da Noite da SIC, um excerto da entrevista que ele deu em 2010 ao Alta Definição, onde dizia que após a sua morte gostava que dissesem que tinham gostado dele. Eu gostei do Nicolau, ou melhor eu gosto do Nicolau. Será sempre uma referência na minha vida (e penso que na da maioria dos portugueses). Cresci a ver e a gostar do Nicolau e do seu incrível trabalho, dos programas de tv, aos filmes e às novelas. Ele era actor, produtor, realizar, um entertainer e em tudo era brilhante.
Ouvi figuras públicas que o conheciam e que com ele trabalharam, confirmarem o que eu já achava dele, era um ser humano extraordinário, amigo do seu amigo, generoso, sempre disposto a ajudar os mais novos, bondoso para com os seus pares. Era daquelas pessoas que nunca pensei que morresse tão cedo, mas a vida tem destas coisas e a morte é o que tem de mais certo, mais cedo ou mais tarde, não fica cá ninguém para contar como é que foi. Custa mais é ver partir assim as pessoas boas, como era o Nicolau.
Eu gostei do Nicolau, eu gosto do Nicolau, onde quer que esteja.
...que passei a noite mais longa da minha vida. Continuo a lembrar-me de cada instante como se tivesse acontecido há instantes. Um ano e ainda dou por mim a pensar "ainda não liguei hoje à minha mãe", para logo me lembrar que tolice, ela já cá não está. Foi um fim tão longo e sofrido, que só terminou na manhã do dia seguinte. Faz amanhã um ano que partiu. O tempo passa mesmo a correr.
Coincidência ou não uma das orquídeas que herdei e que ela adorava, tinha imensas, floriu, como que em jeito de homenagem.
Foi há um mês, vou lembrar-me de cada instante por mais anos que viva, disso tenho a certeza. Foi a noite em que acompanhei as últimas horas de vida da minha mãe. Foi duro, muito duro. Um sofrimento indescritível, como eu nunca imaginei ser possível. Não sei como é que é possível um ser humano resistir a tamanha violência durante tantas horas. No caso da minha mãe a morte aconteceu por asfixia, os pulmões foram deixando de funcionar. Antes dos pulmões já tinham parado o estômago, o pâncreas, os rins, já estava a fazer hipo profusão, desidratou, sei lá mais o quê. Sabia que o fim estava próximo, foram mesmo uns últimos dias terríveis. A cada dia uma má novidade, até do almoço para a noite fazia diferença vê-la.
Esta que foi a noite mais longa da minha vida, começou às 21h30, estava eu ainda com ela na visita, com a primeira paragem respiratória. A visita estava a ser bem difícil, nem imagina eu que o fim se aproximava a passos largos. Eu falava com ela, tentava que me respondesse, ou que reagisse pelo menos. Ainda me conseguiu dizer “Oh Cátia, a mão não pode…”. Aquilo custou-me horrores, lá lhe disse então ouve-me só, estou aqui ao teu lado, vou estar aqui até ao fim. Ela também sabia que era o fim, pelo meio dizia que queria morrer, que não aguentava mais. A dificuldade em respirar era tremenda, aflitiva até e de repente parou de respirar deixou cair a cabeça e eu à toa, percebi que o fim que médicos e enfermeiros me diziam estar próximo, estava mesmo ali. Descontrolei-me, chamei o enfermeiro e chorei compulsivamente, perdi a calma que tinha tão bem conseguido manter até ali, o meu coração disparou, de repente parecia que me saia da boca a qualquer instante. Ela voltou a respirar entretanto, foi a primeira de muitas apneias que fez durante toda a noite. O enfermeiro André puxou-me para fora do quarto e disse-me: “É agora, o fim chegou, isto vai ser sempre assim, pode demorar uma hora, pode demorar duas ou até cinco, ou mesmo a noite toda ou até um dia. Depende do que o corpo da sua mãe consiga aguentar. Quer ficar connosco esta noite? Eu acho que quer, do que tenho visto de si nestas semanas, sei que quer. Mas tem de se controlar senão não a posso deixar ficar.” Claro que quero ficar, respondi, e fiquei até ao fim. Veio a médica de permanência, foi-lhe administrada medicação para a manter mais calma e minimizar o sofrimento e ali ficámos as duas. Entretanto disseram-me que podia ter alguém ali comigo se quisesse, que era um momento terrível e que se pudesse estar acompanhada seria melhor. O Nuno estava a trabalhar, pedi à minha irmã A. que o fosse buscar e foram lá ter comigo, assim como a minha irmã P. assim que pode. Assistiram comigo o terrível sofrimento daminha mãe, fizeram aquele momento tão dramático, um pouco mais suportável. Aguentaram estoicamente tão dura prova. É terrível assistir assim aos últimos momentos de alguém. A partir das quatro e meia voltámos a ficar só eu e ela, entretanto já inconsciente (melhor assim). Ela esteve consciente até por volta das duas da manhã, dizendo que doía, balbuciando palavras, chamando pela minha avó, dizendo que não, um horror…
Depois daquela primeira paragem respiratória, os períodos de apneia eram enormes, 20 a 30 segundos de cada vez, seguidos do esbracejar desesperado da respiração aflitiva de quem tem falta de ar e de repente consegue respirar outra vez. A boca secava constantemente com a sua respiração ofegante e eu com uma esponjinha ia molhando. Toda a noite lhe disse que partisse, que a amava profundamente, mesmo com todos os quiproquós que tivemos ao longo da vida, naquele momento nada disso tinha importância alguma. Disse-lhe que fizesse a sua viagem daqui até à lua, que eu e os meninos ficávamos bem. Era o tinha de ser. Parecia que as horas não passavam, estava acordada a viver o meu maior pesadelo.
Por diversas vezes fui ter com o enfermeiro, para que lhe ajustassem a medicação (tinha uma bomba doseadora administrava a morfina lentamente). Lá aumentavam um pouquinho mais o valor. Durante toda a noite verificaram inúmeras vezes o estado dela, e incansavelmente me perguntavam se eu precisava de alguma coisa, tanto auxiliares como enfermeiros.
Ao longo da noite, conforme o sofrimento e do efeito da medicação, as feições delas desfiguraram de tal forma, ficou quase irreconhecível. Já perto do amanhecer a respiração era quase impercetível, os períodos de apneia diminuíram, o coração já batia muito fraquinho. Quando lhe pousava a mão no peito, parecia que o coração estava muito longe. Uma das enfermeiras numa visita até me disse: “Eu não sei se acredita nestas coisas, mas eu acredito. Sabe se há alguma coisa que a prenda cá, ela parece não querer partir como que se ainda não tivesse tudo resolvido”. Pela minha cabeça passaram num repente os últimos meses das nossas vidas, a nossa última desavença, de culpa dela. Mesmo não acreditando em coisa nenhuma, aquilo martelou-me as ideias.
Sentia-me exausta daquele sofrimento sem fim, e eu só assistia, não consigo imaginar o que estaria a ser para ela que estava ali a sofrer na pele aquele fim terrível. Agarrei-me a ela, naquela que seria a última vez com vida, com todas as minhas forças, dei-lhe inúmeros beijos, acariciei-lhe o rosto, sei que me sentia. “Amo-te muito, vou amar-te sempre, o que passou, passou, agora já não interessa, eu estou bem, eu fico bem e os meninos também. Eles também te amam muito, vamos ter saudades imensas. Podes partir chega de sofrimento. Sempre que olhar para a lua sei que vais estar lá” - Disse-lhe pela última vez. Instantes depois, às dez para as oito da manhã nova paragem respiratória, cronometrei como fui fazendo por diversas vezes ao longo da noite. Um minuto…, dois minutos… três, percebi que tinha partido. Toquei a campainha, veio o enfermeiro, foi a confirmação. Naquele momento deixei-me levar pelas emoções, chorei compulsivamente até quase me faltar o ar. Se por um lado sabia que era o melhor que lhe podia ter acontecido, por outro era a minha mãe ali sem vida, para nunca mais voltar. Chamei o meu marido e a minha irmã A. para irem ter comigo. Fiquei ali de mão dada com ela, acariciei-lhe as faces disformes, beijei-a, abracei-a com todas as minhas forças. Ganhei assim coragem para o que se seguia, tinha as cerimónias fúnebres para tratar, tinha de me recompor para ir contar aos meus filhos que a avó tinha partido. Tinha os amigos dela para avisar. Que estranho não ter ninguém de família a quem contar, família erámos só as duas.
Daquela noite nunca, mas nunca me vou esquecer, mas estive lá até ao último momento, foi comigo ao seu lado que partiu.
Post escrito dia 01 de Março no hospital, uma semana antes da minha mãe partir.
Estar aqui assim impotente sem nada poder fazer, assistindo àqueles que são provavelmente os últimos momentos de vida da minha mãe... Hoje está como nunca a vi, cansada ou melhor, exausta, custa.lhe respirar, quase não consegue falar, só pedia à pouco que queria dormir. Depois da medicação, ali está dormindo um sono que é tudo menos tranquilo. Só me resta estar aqui com ela o tempo que ainda me for possível. Maldita doença esta. No caso dela o que começou num pulmão, já está em todo lado. Não somos mesmo nada, o que um ser humano é o no que a doença o transforma. Doente, dependente num sofrimento sem dó.
As más notícias parecem não mais ter fim. Caramba! Um colega mais novo que eu, que trava uma luta contra um linfoma, a minha mãe a guardar o início dos tratamentos para também iniciar a sua luta. E se ontem morreu Vasco Graça Moura presidente da instituição onde trabalho, hoje morreu Pedro Cunha irmão de uma muito querida amiga minha. As voltas que a vida dá...
Foi com imensa surpresa que vi logo de manhã quando passei os olhos pelos jornais online, a notícia da morte de Eusébio. Em todo o dia não se fala de outra coisa. É compreensível. Afinal o Eusébio era e acho que será sempre um ícone nacional mesmo para quem não acompanhe ou goste de futebol.
Toda a minha vida me lembro de ouvir falar dos grandes feitos deste homem no futebol nacional. Das memórias que tenho ainda bem miúda lembro-me do meu avô falar nele como exemplo em tudo. Aquele "petardo" assim, aquela jogada assado, e no jogo com... fez, no outro aconteceu, etc., etc. Não têm fim as histórias deste grande jogador. Já não me lembro de o ver jogar como me lembro de muitos outros também grandes glórias. Enfim... morreu um grande jogador como se calhar não voltamos a ter, morreu uma grande lenda, era conhecido pelo mundo inteiro, essa é a verdade.
(imagem www.publico.pt)
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