Nada acontece por acaso

Hoje o improvável aconteceu. A última coisa que eu pensei que pudesse acontecer, aconteceu. O ATL esqueceu-se de ir buscar a Bárbara à escola. Fiquei furibunda, passei-me completamente. O meu dia hoje não estava a ser fácil e piorou drasticamente. Estou de férias, mini pseudo férias, mas férias e tenho tido imenso trabalho ainda assim. Trouxe trabalho para casa no fim-de-semana e hoje a minha chefe telefonou a pedir auxílio, quase em desespero e eu que até tinha coisas combinadas para esta tarde, lá desmarquei e fiquei a trabalhar toda a tarde. Entre inúmeros telefonemas e e-mail's, telefona a Bárbara - Oh mãe, ainda aqui estou, o ATL ainda não veio. - Eram 18h05, acho que me transfigurei, como é que tal estava a acontecer? Despachei-me do trabalho e lá fui eu buscá-la. Dali fui directa ao ATL para pedir justificações, se é que tal era possível. A sério, que eu gostava imenso de não precisar deles, quer pelos horários, quer pelo auxílio que dão à Bárbara, por tudo, mas preciso. Se não fossem eles o aproveitamento escolar da Bárbara seria garantidamente pior, nisso são incansáveis. Mas nada, nada mesmo, lhes dá o direito de se esquecerem de uma criança. Ela por estar abrangida pelas necessidades educativas especiais tem mais aulas de apoio e os colegas de turma, acabando por sair sempre mais tarde que os outros, mas isso também não é motivo. As 3ªs feiras são de facto o pior dia, mas ainda assim, está tudo combinado a nível de horários, portanto não é sequer admissível.

Da directora aos responsáveis todos pediram desculpa, mas eu não sei o que pensar ou fazer. Faço um sacrifício monumental para os meus filhos puderem frequentar aquele ATL, que não é de todo barato e isto de ser mãe solteira tem muito que se lhe diga. É muito, muito difícil ter sempre tanta preocupação e tanto com que lidar sozinha com duas crianças. E a Bárbara coitadinha que na certa agora vai entrar em pânico sempre que a carrinha ou alguém se atrasar nem que sejam cinco minutos, seja para o que for. Tenho de digerir esta situação muito bem, para depois saber gerir o que aconteceu. Se Deixa de ir para o ATL às 3ªs e fica à minha espera na escola, se peço para a irem buscar (sendo que esta situação me desagrada de sobremaneira). A ver vamos. Vou dormir sobre o assunto a ver se amanhã vejo as coisas com mais clareza.

O Manuel e a Bárbara foram hoje para o novo ATL (esta mãe que é muito galinha, estava mais ansiosa que as crianças, afinal também é tudo novidade para mim).

Com o "puto Manel" era assim: ah e tal eu sou o maior, um reguila de primeira, todos os dias tropelias e etc., etc.. Enfim...era quase uma angústia ir buscá-lo ao infantário e descobrir quais as tolices do dia, e todos os dias eram dias de asneira. Qual não foi o meu espanto quando hoje ao chegar, se agarrou a mim e ao meu vestido, como se não houvesse amanhã, de cara escondida, sem falar, cheio de vergonha. Ele que mete conversa com tudo e todos em qualquer lugar. Nem o reconheci. Foi um caso sério para que lá me largasse e fosse com a nova educadora, a Mafalda que eu achei um doce com os seus meninos. Em jeito de brincadeira, entre um " a quem é que roubaste uns olhos tão lindos? Tu és um menino muito giro" e porque estava com uns imensos bigodes do pequeno almoço, lá foi para descobrir onde lavar a boca. Entre uma brincadeira e outra, assim ficou. O Manuel é tinóni!

Com a Bárbara (que afinal já é crescida - oh mãe eu já sou crescida") foi tudo tranquilo. Chegou, viu, conheceu, foicou admirada com todas as novidades e lá ficou toda contente.

A apontar, foi muito agradável a forma como fomos recebidos, como falam e lidam com as crianças (afinal eles é que interessam), as pessoas e o ambiente voltaram a agradar-me tanto ou mais ainda, agora que os meus filhos passam a fazer parte desta realidade diariamente, do que quando fui visitar o espaço e fazer as inscrições.