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Neste fim de semana pelo Porto fiz questão de revisitar a Livraria Lello e só consegui à segunda tentativa. As filas eram intermináveis e como tal optei pelos vouchers adquiridos online e assim evitei as filas. Recomendo esta opção, mesmo com a desorientação do funcionário que está a controlar as entradas e que acaba até por gritar com quem tenta obter uma informação.

Se da primeira vez que visitei a Livraria em 2016 fiquei absolutamente maravilhada, desta vez decepção é a palavra que se impõe. Tristeza até também. Para já os "bilhetes" se assim podemos chamar, estão consideravelmente mais caros. Certo é que são dedutíveis na compra de um livro, mas aqui é que a porca torce o rabo... o difícil é adquirir um livro ali.

Dentro da livraria havia pessoas a mais, quase irrespirável até. As pessoas atropelam-se para a fotos "instagramáveis" e nem olham à beleza da própria livraria ou aos espaços temáticos expositivos (onde por isso se consegue respirar um pouco melhor). Penso que deveria haver um controlo do número de pessoas dentro do espaço. Para quem quer de facto ver e comprar livros a tarefa é quase hercúlea. Os "livreiros" ou melhor funcionários da livraria pouco sabem de livros... que ideia a minha achar que era preciso saber um bocadinho do tema para se trabalhar ali... Como exemplo, a funcionária a quem me dirigi a pedir informações não sabia quem era Isabel Allende. A Lello está completamente focada nos livros de edição própria, clássicos principalmente, dando-lhes a primazia e o destaque, logo seguido pelo merchandising da própria livraria e de alguns temas como "O Pequeno Príncipe". Depois grande destaque para os vencedores do Prémio Nobel e os candidatos não vencedores.

Literatura inglesa pouca variedade, autores portugueses, idem, não vi um único livro de Afonso Cruz, João Tordo ou José Luís Peixoto, por exemplo. Outros havia, mas... deixava a desejar para o que eu tenho como referência de uma livraria. Julgo até que actualmente o core business deles é mesmo o turismo e pouco a venda de livros, a notar pela fila para a caixa que não havia. Zero pessoas a adquirir livros.

A Livraria continua linda, mas é quase impossível apreciar a visita com tanta gente em simultâneo. Fiquei decepcionada nesta visita, essa é a verdade.

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publicado às 13:11


23 comentários

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De Manuel da Rocha a 22.03.2023 às 11:25

Fui lá algumas vezes, entre 1995 e 2001.
Aí sim era uma livraria linda. Como não havia tanta confusão, nem tantos milhões de livros, era fácil saber onde estavam (na altura ainda vendiam livros da Livros do Brasil e da Europa-América) e os 4 (creio que nunca lá vi mais do que isso) funcionários sabiam onde estava tudo, sem precisarem de ir ao computador.
Voltei lá pouco antes da pandemia. A primeira surpresa foi mesmo pagar bilhete para entrar e lá dentro ser pior que comboio super lotado. Subir as escadas eram 10 minutos, pois eram só pessoas a querer tirar selfies ou fotos de grupo. Os funcionários eram polícias sinaleiros. Maioria nem sabia onde estavam os livros de determinada editora (a maioria deles estão assim ordenados, ainda igual ao passado). Com tanta gente, é como diz, impossível encontrar os livros que se procuram. Fiquei admirado de já não terem os livros antigos que deram vida à livraria. A Lello, como tantas outras, viveram de vender livros "baratos". Dos vários temas, aqueles pequenos livros de bolso eram o lucro deles. Como as editoras foram compradas ou acabaram, subiram os preços colossalmente e lançaram novas edições (algumas a 20 vezes o preço do livro editado nos anos 90!!!!)... nem 1 só livro tinham. Descobri as prateleiras da Porto e eram só livros "famosos", os de renome e caros. Os outros, não havia. (Lembro-me que o Afonso Cruz estavam lá uns quantos, não são leitura que goste.)
Como tinha tido um grande desconto no preço do bilhete, através de uma promoção, acabei por comprar um livro em inglês, para usar o valor da entrada. Desisti.
Desde o fim da Livraria Barateira, na baixa de Lisboa, que as livrarias onde se podia procurar coisas interessantes, fora da publicidade (onde 99% são livros sem interesse e que nem para se ler 1 vez servem, pois são versões e mais versões da mesma coisa), têm desaparecido. Ainda há 2, na escadinhas da estação do Rossio, não devem durar muito mais tempo.
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De nada acontece por acaso a 22.03.2023 às 21:43

Eu bem quis converter o valor da entrada num livro, mas comprar só por comprar sem ter qualquer interesse no livro para mim não foi opção.
Tenho de ir descobrir essas de que fala nas escadinhas da estação do Rossio, é local por onde não passo habitualmente, por isso desconheço.

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