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Faz hoje uma semana, vamos daqui a pouco à missa de sétimo dia. Acho que é das coisas mais difíceis para uma mãe é ter de anunciar a morte de um ente querido aos seus filhos, ainda por cima o avô paterno, o único que conheceram. É dilacerante vê-los sofrer numa tristeza imensa e nada poder fazer. Ficar só ali, abraça-los, conforta-los foi o que me coube fazer, escondendo ou disfarçando, vá que também a mim me custou esta morte. Mesmo já não estando junta com o pai dos meus filhos, senti muito a morte deste avô, a quem eu também aprendi a chamar avô, quase como se meu pai fosse. Aliás durante muitos anos a ele me dirigi como Pai Rosa, mas já depois de me separar do pai dos meus filhos passei a chamar-lhe avô. A separação não foi fácil e passou a fazer sentido assim. 

Nos últimos anos a sua saúde era frágil, os quase 85 anos de idade, o Parkinson de que sofria desde que o conheço, para isso contribuíam, mas ainda assim lá ia andando, fazendo a sua vidinha o mais normal possível, ainda saindo quase todos os dias para o jornal e dar dois dedos de conversa com o grupo de amigos de longa data, que tem vindo a diminuir e que agora teve mais uma baixa. 

O avô estava internado já há quinze dias, depois de ter passado dois dias bastante enfraquecido em casa, quase sem se conseguir mexer, falta de força, cansaço extremo e quase sempre a dormitar. Situação que culminou com uma paragem cardíaca em casa, foi reanimado pelos técnicos do Inem ainda em casa e depois uma e outra vez já no hospital. A acrescer um AVC, alguns órgãos a entrar em falência, dificuldades respiratórias, enfim um quadro pouco animador. Para ele a morte foi o melhor com tanto sofrimento, tadito. Ainda assim deixou passar o dia do pai, dia que fiz questão de levar a Bárbara a visitar o avô e faleceu na madrugada do dia seguinte. É tramada a vida, faz-nos passar por provações tremendas para o fim ser o mesmo. É o que tem de ser, diz o ditado que Deus escreve direito por linhas tortas. 

Desde há algum tempo que eu fazia questão de explicar aos meus filhos esta fragilidade do avô, que ele estava doente, que a idade já era alguma e que não ia cá estar sempre. Não poucas vezes lhes disse para aproveitarem bem o tempo que passavam com os avós, para não irem para lá só com a loucura da televisão e pouco mais. De alguma coisa valeu porque foram mudando de atitude. Conversavam mais com os avós, jogavam dominó e loto com a avó na hora da sesta do avô e televisão era para ver a série Hawai Força Especial com o avô. O que o senhor adorava aquele bocadinho numa cumplicidade avô e neto. Pequenos nadas que faziam aqueles avós tão felizes. Quando ele foi internado e perante o quadro que se afigurava fui preparando, ou pelo pelos tentava, os meninos para o pior, acho que isso ajudou um bocadinho na hora de lhes dizer que o avô tinha morrido. Fizeram questão de comigo ir velar o avô assim como de acompanharem bem de perto as cerimónias fúnebres. Estão mesmo uns crescidos estes filhos, a maturidade com que passaram isto, deixou-me impressionada, tal como a mensagem que escreveram a acompanhar as flores que levámos ao avô.

"Avôzinho,

Voa até às estrelas e descansa em paz. Nós adoramos-te e ficarás para sempre no nosso coração, foste um super avô, eras um exemplo para nós, estavas quase sempre feliz.

Com saudades imensas dos teus netos"

 

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publicado às 09:51


2 comentários

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De nada acontece por acaso a 28.03.2016 às 13:44

Obrigada Marta pelas suas palavras. É mesmo isso que tento fazer.
Um beijinho,
Cátia

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