Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Faz hoje uma semana, vamos daqui a pouco à missa de sétimo dia. Acho que é das coisas mais difíceis para uma mãe é ter de anunciar a morte de um ente querido aos seus filhos, ainda por cima o avô paterno, o único que conheceram. É dilacerante vê-los sofrer numa tristeza imensa e nada poder fazer. Ficar só ali, abraça-los, conforta-los foi o que me coube fazer, escondendo ou disfarçando, vá que também a mim me custou esta morte. Mesmo já não estando junta com o pai dos meus filhos, senti muito a morte deste avô, a quem eu também aprendi a chamar avô, quase como se meu pai fosse. Aliás durante muitos anos a ele me dirigi como Pai Rosa, mas já depois de me separar do pai dos meus filhos passei a chamar-lhe avô. A separação não foi fácil e passou a fazer sentido assim.
Nos últimos anos a sua saúde era frágil, os quase 85 anos de idade, o Parkinson de que sofria desde que o conheço, para isso contribuíam, mas ainda assim lá ia andando, fazendo a sua vidinha o mais normal possível, ainda saindo quase todos os dias para o jornal e dar dois dedos de conversa com o grupo de amigos de longa data, que tem vindo a diminuir e que agora teve mais uma baixa.
O avô estava internado já há quinze dias, depois de ter passado dois dias bastante enfraquecido em casa, quase sem se conseguir mexer, falta de força, cansaço extremo e quase sempre a dormitar. Situação que culminou com uma paragem cardíaca em casa, foi reanimado pelos técnicos do Inem ainda em casa e depois uma e outra vez já no hospital. A acrescer um AVC, alguns órgãos a entrar em falência, dificuldades respiratórias, enfim um quadro pouco animador. Para ele a morte foi o melhor com tanto sofrimento, tadito. Ainda assim deixou passar o dia do pai, dia que fiz questão de levar a Bárbara a visitar o avô e faleceu na madrugada do dia seguinte. É tramada a vida, faz-nos passar por provações tremendas para o fim ser o mesmo. É o que tem de ser, diz o ditado que Deus escreve direito por linhas tortas.
Desde há algum tempo que eu fazia questão de explicar aos meus filhos esta fragilidade do avô, que ele estava doente, que a idade já era alguma e que não ia cá estar sempre. Não poucas vezes lhes disse para aproveitarem bem o tempo que passavam com os avós, para não irem para lá só com a loucura da televisão e pouco mais. De alguma coisa valeu porque foram mudando de atitude. Conversavam mais com os avós, jogavam dominó e loto com a avó na hora da sesta do avô e televisão era para ver a série Hawai Força Especial com o avô. O que o senhor adorava aquele bocadinho numa cumplicidade avô e neto. Pequenos nadas que faziam aqueles avós tão felizes. Quando ele foi internado e perante o quadro que se afigurava fui preparando, ou pelo pelos tentava, os meninos para o pior, acho que isso ajudou um bocadinho na hora de lhes dizer que o avô tinha morrido. Fizeram questão de comigo ir velar o avô assim como de acompanharem bem de perto as cerimónias fúnebres. Estão mesmo uns crescidos estes filhos, a maturidade com que passaram isto, deixou-me impressionada, tal como a mensagem que escreveram a acompanhar as flores que levámos ao avô.
"Avôzinho,
Voa até às estrelas e descansa em paz. Nós adoramos-te e ficarás para sempre no nosso coração, foste um super avô, eras um exemplo para nós, estavas quase sempre feliz.
Com saudades imensas dos teus netos"
apenas esta nota negativa, apesar de corriqueira, ...
Simply the best!
O "grande" assunto do momento em vários blogues!"N...
Esta mulher fez parte da minha adolescência, e con...