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A cada visita que faço à minha mãe que lá continua internada no Hospital Egas Moniz, após ter sido transferida, me perturba um bocadinho mais a condição humana a que chegamos a partir de uma determinada idade, neste caso na velhice. A minha mãe felizmente está melhor, a infecção está a ser superada, o que é muito bom, claro, mas o ambiente do hospital é terrível. À parte da falta de condições, quer no que a higiene diz respeito quer ao estado de degradação do hospital, as pessoas que estão com a minha mãe, em ambos os serviços por onde passou e também nas urgências, são muito idosas e estão num estado de saúde demasiado debilitado, não são "nada" nem ninguém, desculpem-me a frieza. Quando olho para elas penso nas pessoas que terão sido, na vida que hão-de ter vivido e agora ali estão, algumas sem visitas, outras com visitas que estão com uma cara de frete que não lembra a ninguém, outras que lhes falam mal, enfim, para já a excepção é só uma, um marido que se desfaz em cuidados com a sua doente. Não consigo entender, afinal são aquelas pessoas que eventualmente fizeram dos seus, aquilo que são hoje. Só os enfermeiros são a excepção, sempre incansáveis, sempre com uma palavra meiga para as suas "princesas", como lhes chamam carinhosamente (aqui para nós que ninguém nos ouve, a minha mãe até tem alguns ciúmes, pois a ela tratam-na por D.Lúcia, afinal mesmo nos seus 60 anos é de longe a pessoa mais nova que ali está).
Penso sempre no meu avô, que foi sem qualquer dúvida a pessoa mais importante da minha vida, foi o pai que eu não tive, foi ele assim como a minha avó que me criaram e educaram e só não fizeram o que não puderam. Ele era um homem e tanto, grande que nem sei, antigo jogador de basquete, sempre cheio de vida, nada o fazia parar. E ainda bem que assim foi, acho que saio a ele, com esta minha veia de bicho irrequieto também. Quando adoeceu, após um AVC para mim foi terrível vê-lo "cair" e tornar-se dependente de tudo e de todos. Tanto quando esteve hospitalizado como mais tarde já em casa e depois novamente hospitalizado, só não fiz o que me era impossível, ia visitá-lo de manhã, na hora de almoço, ao final do dia, fazia a sua higiene, alimentei-o, falava-lhe mesmo quando não sabia se me podia ouvir, estava sempre lá e sem qualquer favor. Pelo contrário, queria poder ter feito muito mais, acho que foi ínfimo aquilo que fiz por ele. Nunca permiti que fosse para um lar, como queria a minha mãe, arranjei uma pessoa para tratar dele enquanto eu trabalhava, assegurei-lhe os devidos cuidados médicos e o tudo o resto era por minha conta.
Por estas coisas não entendo como hoje se tratam os nossos "velhos", mas lamento que assim seja.
E confesso que a cada visita me aterroriza mais a velhice, assim quando a condição humana já não é nada, quando esta condição humana não passa de dor, sofrimento, desprezo e solidão.
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